quarta-feira, 2 de julho de 2008

"Chico Peras"

...Era a alcunha de Francisco Almeida.
Não era da terra, mas a Carvalhal-Miúdo veio desposar a D. Maria do Céu. Desse casamento nasceram cinco filhos, todos do sexo masculino. Tinha como profissão peixeiro e, em consequência disso, calcorriou inúmeros lugares por esta serra fora. Mais tarde largou essa actividade e dedicou-se mais à lavoura. Lembro-me, de ainda miúdo, estar junto a ele, no cimo da sebe, onde preparava o seu burro, animal que ficava num curral neste sítio (embora ele, o dono, morasse um pouco mais a baixo, na casa da figueira)... servia o macho para transportar o esterco dos animais (estrume) para as fazendas, a fim do referido exercer a função de adubo para as terras. O sr. Chico dava muita atenção aos miúdos, e ía explicando a sua tarefa, conforme os passos e os movimentos dados, depois perguntava-nos: - Querem um figo?...
Há um facto relevante na sua relação para com a aldeia e, posteriormente, para com toda a região: - Nas suas viagens, de compra e venda de peixe, acabou por trazer consigo o eucalipto (um, dois, três, depois mais...) que foi plantando nestes campos. Contribuiu, de certa forma, para (num futuro), se poder evidenciar (observando-se a época em questão, anos 50 e 60), algum vértice de riqueza, com o implantar da árvore e a proliferação do negócio da madeira, das resinas e da indústria do papel, no concelho. É certo que o eucalipto tornou-se uma árvore nefasta, pela secura que provocou nas terras, pois as suas raízes vão sugar a água a grandes distâncias, mas sob o ponto de vista evolutivo, veio proporcionar algum progresso. Hoje, talvez, se raciocine de um outro modo, e com perspectiva diferente...

foto de António Martins (ao cimo, à direita, ainda se veêm a figueira e as paredes claras da casa... Carvalhal-Miúdo - Setembro 2007)

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