quarta-feira, 30 de julho de 2008

Comissão de Melhoramentos de Ladeiras em assembleia, na casa de convívio

Está agendada para o próximo dia 9 de Agosto, pelas 17 horas, a assembleia geral da Comissão de Melhoramentos, na casa de convívio, nas Ladeiras.

Da ordem de trabalhos constam os seguintes itens:

- Apreciação e votação do relatório de contas da direcção;
- Parecer do conselho fiscal, referente ao ano de 2007;
- Tratamento e avaliação de diversos assuntos do interesse local.

foto de Gonçalo Lobo Pinheiro (Casa de Convívio - Ladeiras, Julho de 2008)

Mina de água do Carvalhal-Miúdo

Segundo dados do INSAAR (Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento de Água e de Águas Residuais), na mina de água do Carvalhal-Miúdo, em cuja captação de água começou a partir de 1960, registada com o código 14010911, as águas são de origem subterrânea, o tipo de adução é gravítica e o tipo de captação é feito em galeria de mina.
Esta mina está localizada, naturalmente, no concelho e freguesia de Góis, e insere-se na Bacia Hidrográfica do Mondego e na Unidade Hidrogeológica do Maciço Antigo.
Fica a cargo da Câmara Municipal de Góis a sua gerência, estando actualmente em funcionamento e servindo, segundo os dados do INSAAR de 2006, entre 1 a 30 pessoas, conforme a altura do ano.
O volume de água anual captado estima-se em 58,80 m3.

Mais informações consulte o site do INSAAR.

Jogos de verão de 1987, organizados pelas Ladeiras


fotos de Adriano Filipe, gentilmente cedidas (em cima, o avô Luís tem ao colo a neta Inês que ganhou um troféu, o pai "baboso" observa; ao lado, a entrega do troféu ao concorrente mais idoso)

terça-feira, 29 de julho de 2008

Os cantoneiros

Eram indivíduos, funcionários públicos, que tinham por função manter as estradas nas melhores condições possíveis. Tapavam buracos, limpavam as bermas, pintavam os marcos de sinalização e quilometragem... no inverno colocavam areia sobre o gelo, que se formava nas curvas onde menos penetrava o sol, a fim de tentar evitar a existência de despistes.
Estabeleciam-se grupos específicos, de cantoneiros, para uma determinada secção de uma precisa estrada, pela qual eram responsáveis na sua limpeza, conservação e necessária reparação.
Tinham uma roupagem singular... chapéu de abas semi-largas, arredondado no topo, vestimenta tons cinza azeitonada e/ou acastanhada e botas de ensebar.
Recordo o sr. Manuel Fernandes, de Cimo de Alvém (onde residia), cabo dos cantoneiros, e o seu respectivo grupo. Muitas vezes faziam paragem na taberna do meu avô, para descansar um pouco e beber qualquer coisa.
Normalmente trabalhavam em grupo de dois ou três elementos, às vezes quatro.
A sua actividade era coordenada pela Junta Autónoma das Estradas, que possuía as denominadas casas dos cantoneiros, que serviam para dar guarida aos mesmos, e de armazém para as suas ferramentas e demais utensílios necessários ao seu labor.
Existia uma casa dos cantoneiros na Póvoa (Cerdeira), onde chegou a morar um outro cantoneiro de igual nome, ou seja Manuel (esta casa era utilizada por um outro grupo), que mais tarde casou no Esporão e por lá acentou residência...
Apesar das imensas críticas que lhes eram dirigidas, questionando o seu esforço e a capacidade no desempenho do seu trabalho... temos de concretizar que não era nada fácil, andar ao sol e ao frio (conforme a época do ano), naquele serviço.

foto de Gonçalo Lobo Pinheiro (EN2 - Entrada para Carvalhal-Miúdo, Julho de 2008)

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Festa das Ladeiras (rescaldo)

Como decorreram as festas das Ladeiras de Góis (dias 25, 26 e 27 ), na palavra do presidente da Comissão de Melhoramentos, Luís António Rodrigues Martins (pelo telefone)...

Apesar do primeiro dia ter sido assolado pela chuva, que chegou a tombar com alguma abundância, a opinião final é de regozijo...


Dia 25

N.C.L.G.- (Por volta da meia-noite) Então que tal correu o dia hoje?

L.A.R.M. - Foi fraco, pois teve sempre a chover... ainda apareceram algumas pessoas, mas ao iniciar-se a participação do conjunto começou a chuver abundantemente, e foi a debandada geral. Isto acabou muito cedo. Tivémos esta infelicidade. É azar. Vamos ver amanhã!...


Dia 26

N.C.L.G. - E hoje? O tempo está melhor? As coisas estão de feição?

L.A.R.M. - Sim, hoje está tudo muito melhor. O tempo está bom, veio bastante gente. Está tudo a divertir-se...

(Há a salientar a presença do meu primo Luís Cunha Martins, que já há alguns anos não ía às Ladeiras).


Dia 27

N.C.L.G. - (Pergunta feita dia 28) Que é que tem a dizer sobre o final da festa?

L.A.R.M. - Os últimos dois dias foram mesmo bons. No sábado foi grande o divertimento e o baile durou até às 3 e tal da madrugada. Os jogos tradicionais também correram bem. Ontem houve grande afluência de pessoas, participaram cerca de 60 no almoço, onde saliento o bacalhau e as migas da serra com entrecosto, mas estava tudo bom... foi só elogios!... Distribuiram-se os troféus dos jogos e o baile terminou por volta das 23h. Pena foi o primeiro dia... mas o saldo pode considerar-se positivo.

Para o ano há mais!...

N.C.L.G. - Certo. Votos de boas férias!...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

As alcunhas

A alcunha poderá ser um factor de riqueza, muitas vezes de humanismo, pois pode definir uma força de acção, um procedimento repetido, uma maneira de estar, uma atitude constante ou uma simples tomada de posição. Será o resultado da análise de determinado colectivo que vê e observa, regularmente, cada indivíduo que é alcunhado (é óbvio, que muitas pessoas são alcunhadas depreciativamente).
Estas referências têm, muitas vezes, mais conteúdo e representatividade que o próprio nome da pessoa.
Muitos seres humanos ficam conhecidos para a posteridade pela alcunha que, um dia, lhe foi atribuída. Não temos de ficar melindrados porque os nossos entes queridos, já desaparecidos, são relembrados pela sua alcunha. Por exemplo, o meu bisavô (paterno e materno) era conhecido pelo "Cantata", porque cantava às raparigas (o que hoje se denomina dar piropos), contava-lhes estórias e anedotas para as fazer sorrir, o meu avô materno era o "dr. Canoilo", porque gostava de se apresentar bem vestido, aprumado de costas direitas, quando na presença do sexo feminino (era muito bonito, com uns olhos doces...) e o meu avô paterno era cognomizado pelo "Camarão", pelo seu aspecto forte e de altura exemplar (na década de trinta estava na berra um pugilista, o melhor português de todos os tempos, José Santa, conhecido pelo "Santa Camarão", e o meu avô, pelo seu perfil, foi com ele conotado. Santa Camarão foi recentemente condecorado, a título postumo, pelo Estado Português e tem uma estátua em Ovar, no Largo Santa Camarão, em frente à casa onde morou). Por ser comparado ao Santa Camarão, é para mim, motivo de orgulho, pois o "boxeur" era uma pessoa de uma sensabilidade muito grande, sempre pronto a auxiliar o seu semelhante.
Mas isto das alcunhas já vem de há milhares de anos, os reis de Portugal têm todos um cognome (que não é mais que uma alcunha). D. Afonso I, muitos não sabem quem era, retirou-se o número romano para colocar o nome Henriques, na perspectiva de diferenciar o fundador de Portugal... mas se falarmos no "Conquistador" o leque de conhecedores do rei será aumentado, em largo número.
Assim é (e foi) no Serviço Militar, muitos companheiros são reconhecidos, através dos tempos, pela sua alcunha e/ou pelo seu número de militar.
Na política... Mário Soares é muitas vezes referenciado pelo "bochechas".
Robin dos Bosques (Robin Hood) ou Zé do Telhado (o português), que roubavam aos ricos para dar aos pobres...
Se falarmos em Sebastião José de Carvalho e Melo, muitos desconhecerão quem foi, mas se fizer referência ao seu título "Marquês de Pombal", já quase toda a gente o reconhecerá...
E tantos outros, os grandes guerreiros da História, os jogadores de futebol, os actores, os nossos colegas de trabalho...
Imensas pessoas das nossas aldeias, foram conotadas com uma alcunha, e hoje se falarmos sobre elas, com as novas gerações, referindo os seus nomes (José, João ou Manuel), ficam na dúvida de quem eram, mas se aflorarmos a sua alcunha (seja X, Y ou Z), logo são relembradas e reconhecidas.
A alcunha dá ao indivíduo a força de um estigma, muito para além da sua vida terrena, da vida dos seus filhos, ou dos seus netos...
E neste período contemporâneo, ganhou muita força nas escolas, marcando os alcunhados para o reconhecimento na sua existência. O meu filho é o "pastel" (por ser do Belenenses).
Eu recordo os tempos de escola, de uma forma sentimentalista e carinhosa, quase diariamente... e as alcunhas que foram apostas aos mais diversos colegas, mais os trazem à memória, no contexto universal da própria família escolar...
"Vilas", "Seixal", "Bucelas", "Cagalhão", "Pescada", "Pintassilgo", "Toi", "Faról", "Calmeirão", "Poeta", "Cuspidelas", "Sopas", "Banana", "Monas", "Faísca", "Beethoven", "Lagarto" entre tantas, e tantas, outras... eu era o "Cebolas" (para as meninas o "Cebolinhas")...

Góis na 1ª. Divisão Distrital da A.F.Coimbra


A Associação Educativa e Recreativa de Góis irá disputar a Série A da 1ª. Divisão Distrital da Associação de Futebol de Coimbra, na presente época futebolistica, 2008/2009, competindo com os seguintes clubes:

- A. D. Lagares da Beira, U. C. Eirense, C. O. J. A., A. D. C. S. Pedro de Alva, Mocidade F. C., G. D. Pampilhosense, C. R. A. D. Lamas, Travanca de Lagos, G. D. "Os Idosos", Académica/S. F. e G. D. Arouce-Praia.

A prova terá o seu início a 21 de Setembro.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Uma curiosidade...

Acerca da toponímica das aldeias Carvalhal-Miúdo e Carvalhal do Sapo.

"(...) O Carvalhal recebeu o seu nome por causa das muitas carvalhas que costumavam crescer nesta área. A aldeia é oficialmente conhecida por Carvalhal do Sapo, já que no concelho existe uma outra aldeia com o nome de Carvalhal Miúdo. Para distinguir as duas, a Câmara Municipal de Góis acrescentou ‘do Sapo’ em referência ao rio que passa por baixo da aldeia. Os habitantes, como foi-nos dito, tinham preferido a designação ‘Carvalhal do São João’ segundo o seu Santo Padroeiro. No censo da região de Góis do ano 1527 são ambos os ‘Carvalhal’ mencionados. O actual Carvalhal do Sapo tinha nesta altura 5 fogos. Assim estas duas aldeias coexistiram durante séculos (...)"

in Góis Property

fotos retiradas do site Góis Property (1ª imagem mostra parte de Carvalhal-Miúdo e a 2ª imagem mostra a aldeia do Carvalhal do Sapo)

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Carvalhal-Miúdo...uma aldeia na Serra da Lousã


foto de Gonçalo Lobo Pinheiro (Carvalhal-Miúdo, vista de Cortecega - Julho de 2008)

terça-feira, 22 de julho de 2008

Guilherme Santa Cruz

Natural de Cortecega. Veio a ser meu tio após desposar, em Carvalhal-Miúdo, a minha tia, de sangue, Arminda (retornando, com ela, para a sua aldeia de nascimento, após matrimónio). Desse casamento nasceram três filhos, Vítor (já falecido), Zulmira e Paulo. Trabalhador incansável, trazia as suas courelas num primor. Gostava de receber em sua casa, de forma humilde, mas sempre muito bem...era um puro e verdadeiro amigo!...
Chegou a vir para Lisboa na busca de uma vida melhor, mas não se deu bem... regressou às origens. Há episódios engraçados na sua passagem pela capital... como o de levar sopa, na lancheira, para o trabalho, sempre com o braço em movimento, chegando ao destino com o caldo todo entornado... Contam meus pais, que uma bela tarde decidiram ír a uma uma cervejaria para lhe proporcionarem a possibilidade de provar uns camarões... "compadre!... gafanhotos não!... ná, não quero!..."
Era um homem de um grande, grande coração... Lembro no fim das férias, quando íamos regressar, lá vinha ele despedir-se de nós, com uma saca de batatas às costas (vindo a pé, com a família, de Cortecega) para levarmos para Lisboa.
Aquela humildade tinha uma força incontrolavelmente boa... Quando, em certo momento da vida, meu pai passou por algumas dificuldades financeiras, foi das poucas pessoas que lhe ofereceu auxílio... "compadre, veja lá, se precisa de algum dinheiro?!... Tenho isto! Está à vontade!..."
Tinha aquele problema com o álcool... mas a vida não é perfeita!... E cada um de nós tem o seu destino!...
Tio, hei-de recordá-lo para a minha existência, com aquela saudade, que esteja onde estiver saberá perceber qual é!... Dê um abraço meu ao Vítor!... Até Lá!....
"Ta t'eu pa!..."


foto de António Martins (Cortecega, vista de Carvalhal-Miúdo, Setembro de 2007)

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Adeus, Carvalhal-Miúdo...até um dia destes!

Chegaram ao fim alguns dias de férias retemperadoras, com passagens por Cardigos (uma vila simpática, terra dos pais da minha namorada), Vila de Rei (com o seu marco geodésico onde se localiza o centro do país), Sertã (com os seus belos maranhos), Proença-a-Nova (onde encontrei praias fluviais de excelência), Piodão (linda como sempre, mas atenção ao abuso no negócio de turismo), Fraga da Pena (queda de água cristalina e fria, situada num local paradisíaco, no concelho de Arganil), Lousã (onde me banhei na Sra. da Piedade), Vila Nova de Poiares (que bela Chanfana!!!), Góis (Carvalhal-Miúdo, Ladeiras, Esporão, Cabreira - imperdível uma visita à praia fluvial do Lagar de Azeite -, Pena, Caselhos - onde houve um belo festejo, embora pouco concorrido), Mora (com as suas maravilhosas migas de espargos e uma inevitável visita ao Fluviário - que recomendo),... acabando em Vila Nova de Milfontes (onde tive oportunidade de fazer alguns dias de praia e visitar a FACECO, em São Teotónio).


foto de Gonçalo Lobo Pinheiro (Despedida de Carvalhal-Miúdo rumo ao Sul, Julho de 2008)

domingo, 20 de julho de 2008

Clube de Futebol "Os Belenenses"

Hoje vou desanuviar um pouco...
Tempo de férias... praia, campo, viagens, em suma descanso laboral.
Início de nova época de futebol...
Como o meu avô (de Carvalhal-Miúdo) era do Belenenses, o meu pai é, eu sou, o meu filho é... e o meu tio Casimiro, também, é. E como o presidente da C.M.Ladeiras é, igualmente, dos pastéis, e o seu filho, idem (meu tio e meu primo)...
Aproveito para fazer uma pequena referência a um clube de que gosto muito, apresentando uma pequena súmula do seu palmarés futebolístico, a nível nacional...
I Liga/I Divisão: 65 presenças. Melhor: Campeão (1945/46)
II Liga/Divisão de Honra: 2 presenças. Melhor: 2º lugar (1991/92 e 1998/99)
II Divisão B: 2 presenças. Melhor: Campeão (1983/84)
Taça de Portugal: 67 presenças. Melhor: Vencedor (1941/42, 1959/60 e 1988/89)
Supertaça: 1 presença
Antiga I Liga: 4 presenças. Melhor: 2º lugar (1936/37)
Campeonato de Portugal: 12 presenças. Melhor: Vencedor (1926/27, 1928/29 e 1932/33)
E, pronto, aqui fica a referência, para a próxima voltaremos aos nossos principais assuntos...


foto de Gonçalo Lobo Pinheiro (C.F."Os Belenenses", 1ª. Mão da 1ª. Eliminatória da Taça UEFA, Allianz Arena, em Munique, Bayern venceu 1-0 - Setembro de 2007)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

"Ti Zé Sapateiro"

José Maria Alves (era o seu nome efectivo), com domicílio em Carvalhal-Miúdo, casado com a D. Maria... desse enlace nasceram sete bebés, quatro do sexo feminino (Silvina, Virgínia, Lucinda e Patrocínia) e três do sexo masculino (António, Casimiro e Armando).
Consertava calçado e fazia os sapatos brochados (tinham essa denominação, pelo espigão, de cabeça chata e larga, que era introduzido nas solas, a fim delas sofrerem menos desgaste). Concebia, igualmente, as tamancas feitas a partir da madeira. No fabrico destes artefactos, chegou a ter a colaboração de minha mãe, ainda adolescente.
Manipulava, paralelamente, as suas pequenas courelas.
No tempo das ceifas, no Alentejo, ía para lá trabalhar (para tentar ganhar algum pecúlio, que os rendimentos, naquele tempo, eram escassos).
Tinha uma pedra especial (presa ao chão), onde afiava as facas e os intrumentos da sua actividade, incluindo a roçadoura. Disponibilizava a sua pedra para os vizinhos poderem afiar, também, os seus intrumentos laborais.


foto de António Martins (Carvalhal-Miúdo, à direita local onde antigamente se encontrava a pedra para afiar os objectos cortantes, à esquerda a casa do "Ti Zé Sapateiro", agora restaurada pelos seus descendentes, Setembro de 2007)

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Um abraço às nossas aldeias...

Dos Penedos aos Povorais,
vai o salto de um coelho...
é querer e chorar por mais,
paisagem vista ao espelho!...

A Pena não vou olvidar,
por paragem obrigatória...
da Folgosa ao Cadafaz,
é sempre a mesma história.

Para a Cerdeira a mensagem,
na Póvoa vou recordar...
onde os meus pais por miragem,
começaram, um dia, a estudar!...

Num roteiro pitoresco,
feito de simples maneira...
das Rodas nos vem o fresco,
da Cimeira e da Fundeira!...

Ao Esporão agora escrevo,
também com grande carinho;
esquecer-te, não me atrevo!...
"berço" do meu padrinho.

Para um contorno perfeito,
vou passar pela Ribeira...
num itinerário a preceito,
que nos fica ali à beira!...

Não me lembra quem lá vem,
nem disso eu faço alarde...
encosto em Cimo de Alvém,
meu pensamento, toda a tarde...

Ladeiras, por ti passei,
e isso ninguém o nega...
olho em frente, avistei
do outro lado Cortecega.

Carvalhal-Miúdo não esqueço,
calço, agora, os meus chinelos,
vou já, por qualquer preço,
com destino a Carcavelos!...

Alguns nomes de aldeias citei,
outros ficaram em carteira...
Mas para terminar me lembrei,
da povoação da Cabreira!...

Por António Martins (hoje... numa alusão incompleta ao Concelho de Góis)


foto de António Martins (Esporão, parte mais antiga da aldeia- Setembro de 2007)

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Chico Larau

Homem pobre, deficiente, sem família (abandonado pela sua progenitora). Trabalhava a dias, guardando gado e apanhando mato (laborou para a família Neves em Carvalhal-Miúdo, onde viveu, em anexos pertencentes a essa família), mas raramente foi remunerado pelos seus serviços prestados... davam-lhe alimentação e sítio para dormir.
Fumava imenso (o tabaco Onça, que embrulhava em papel... mas muitas vezes não havia dinheiro para essa cobertura e, então, fazia o cigarro com as folhas mais finas das espigas de milho).
Nesse tempo, pleno de dificuldades, habitualmente comia sopa de castanhas piladas, por vezes algumas já tinham bicho, que ele ingeria, sem problemas, dizendo que era bichinho de pau santo.
Outro episódio (que repetia diversas vezes), era o de colocar um lacrau nas suas mãos, duramente calejadas, e o animal não conseguia picá-las...
Sendo conotado com o que, na giria, se denomina por "Zé Ninguém", continua a ter o seu nome pronunciado, mesmo por quem, na realidade, não sabe quem ele foi (até pelos mais jovens), tendo, por isso, todo o direito a ser recordado (embora de forma efémera), neste blogue. Teve uma vida de quase escravatura, com o mínimo de meios de subsistência. Faleceu num asilo, para idosos, em Coimbra.


foto de Adriano Filipe (Carvalhal-Miúdo, tirada a partir do Lavadouro - 25 anos atrás...)

terça-feira, 15 de julho de 2008

Festas das Ladeiras 2008 - 25, 26 e 27 de Julho

Uma vez mais terão lugar, no último fim-de-semana de Julho (6ª. feira, sábado e domingo), as festas de Ladeiras de Góis, numa organização da sua Comissão de Melhoramentos (com o acordo da edilidade local, delegada para o efeito). Seguidamente passamos a dar conta da respectiva programação:

6ª. feira, dia 25
17H - Abertura;
- Quermesse (que funcionará permanentemente, todos os dias);
22H - Baile, com o conjunto musical "Os Cheirinhos do Sul".

Sábado, dia 26
- Jogos tradicionais;
16H - Missa (na casa de convívio);
17H - Jogos tradicionais (continuação);
22H - Baile, com o conjunto musical "A Banda Mix" (de Vilarinho-Coimbra).

Domingo, dia 27
13H - Almoço tradicional;
16H - Leilão de ofertas;
17H - Entrega de troféus aos vencedores dos Jogos tradicionais;
18H - Actuação do Grupo de Concertinas "Irmãos Baptista";
- Encerramento.

Venham às Ladeiras para confraternizar, conterrâneos e amigos. As Festas são para todos!... Compareçam!!!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Metamorfose da vida

Ainda tenho na retina
as amanhadas courelas...
hoje ninguém imagina,
a alegria que era vê-las!...

Passaram anos e anos...
das mais variadas maneiras;
com verdades e enganos,
todos por ti, ó Ladeiras!...

Não te posso recordar,
somente pelas coisas boas;
porque a vida não é assim...

Nunca deixarei de te amar
e à música que tu entoas;
quando aguardas por mim!...

Por António Martins (hoje...)


domingo, 13 de julho de 2008

Idalina, das Ladeiras

...Não era, propriamente, uma peixeira (embora vendesse peixe), é que ela só vendia uma espécie... a sardinha. Portanto, era uma sardinheira!
Havia uma outra característica na sua apresentação e que lhe era peculiar... enquanto que as pessoas que andavam de canastra à cabeça, na faina da venda do peixe, colocavam o seu produto sob frescos vegetais (gelo não poderia ser, porque rapidamente derreteria... e quando iniciou a sua actividade seria coisa que não haveria por estes lados da serra), ela punha as suas sardinhas em cima de fetos, na sua canastra.
Era uma mulher muito animada, quando na companhia que lhe surtisse esse efeito (tinha o seu feitio, quando se aborrecia... mas isso qualquer um tem...), e possuia, apesar de tudo, um determinado carisma. Mãe solteira, vivia com imensas dificuldades para sustentar seus filhos, tendo de fazer pela vida, por essas aldeias da serra, na venda da sua sardinha, incluindo a "sui-generis" petinga, que foi ao longo de muitos anos o pequeno-almoço, senão o almoço, destas gentes que viviam do labor diário, nos seus campos.
Exerceu esta actividade pelos anos 50 aos anos 70.
Adorava o seu "copito" de vinho, que bebia, até, para matar a sede...
E contam, que um belo dia terá apostado que seria capaz de beber o conteúdo dum garrafão de cinco litros (em vinho), a acompanhar o simples chupar de um caroço de azeitona... não sei se terá ganho essa aposta?!...
Mas que foi uma personagem relevante para estas aldeias, lá isso foi.
Recordamo-la, hoje, com a inerente saudade!...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

XX Aniversário da Comissão de Melhoramentos do Esporão (1975)


Jantar Comemorativo do XX Aniversário da Comissão de Melhoramentos do Esporão (Casa do Alentejo, Lisboa - 13 de Dezembro de 1975)

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Tão longe e tão perto (ou vice-versa)

Tenho os olhos rasos de água
quando me recordo de ti...
Carvalhal-Miúdo é com mágoa,
que constato, o tanto que perdi!...

Longos anos de leve ausência,
ultrapassados sem o sentir...
dessa única, frutuosa, essência,
não reflectida no teu porvir!...

Adiei inúmeras conversas,
iras, queixumes e confissões;
num tempo tido por incerto.

Existindo, não me dês meças,
nem me instaures sermões...
Nunca estive, assim, tão perto!...

Por António Martins (hoje, à passagem do 1º mês de existência de "Notas de Carvalhal-Miúdo e Ladeiras de Góis")


foto de António Martins (Carvalhal-Miúdo, visto a partir do Cabeço - Setembro de 2007)

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Incêndio - Agosto de 1974

Carvalhal-Miúdo, férias... Manhã de dia 10 de Agosto de 1974, estávamos a terminar o pequeno-almoço... de repente alguém gritou: "Há fogo no Roubal!..."
Foi uma correria... apareceram pessoas das Ladeiras (os meus primos Luís e Jorge, também estavam de férias), do Esporão (recordo-me, plenamente, do "Ti" Américo...mais tarde explico porquê!...) e de outros lados. Fizeram-se aceiros para evitar a propagação do incêndio... sacudidela daqui, batidela dacolá... baldes de água que vinham chegando... e as chamas são dadas como controladas e de seguida extintas, pouco tempo depois...
...................................
Almoçávamos... num ápice todos se levantam!... Que é? Que é?...
Anda fogo lá em baixo, outra vez!...
Lá foram todos a correr, novamente. Mesmas atitudes, semelhantes movimentos, mais auxílio que chega (lembro-me do "Ti" Américo, do Esporão...), bate-se daqui, bate-se dacolá... mas, numa rapidez inesperada, o vento muda... o fogo altera o seu percurso e a sua "atitude", e, desembreadamente, inícia uma intensa galopada, ávido de mato para consumir e queimar. Todos começam a fugir!... Eu levava uns sapatos calçados que escorregavam nas carumas (dois passos para a frente, três ou quatro para trás...). O Luís gritava pelo meu nome e pelo do Jorge... já não se via ninguém e nada se vislumbrava (parecia que éramos incapazes de discernir e ver, fosse o que fosse...). Nunca mais conseguia chegar a terreno fixe, para poder zarpar dali... nisto surge uma mão amiga, era a do "Ti" Américo...
O fogo começou a galgar terreno, de forma tal, que, humanamente, se tornou impossível combatê-lo (pelos menos por civis, como nós), subiu a caminho da estrada nacional... outros focos apareceram, devido às fagulhas que o vento transportava (Celada da Corte, recordo-me...), e foi um ver se te avias!...
Vieram bombeiros de toda a parte, aviões de diversos lados... era jorrar água das mangueiras (gritos daqui, orientações dacolá), líquido para suster o incêndio, deitado pelos meios aéreos (ainda levei com parte nas costas, fiquei com o corpo todo pegajoso...). Nunca se bebeu tanto leite por estes lados!...
As pinhas estalavam, os troncos das árvores sucumbiam (menos os dos eucaliptos, que meses depois haveriam de dar novos ramos...) e as labaredas eram cada vez maiores. Só passadas algumas horas (e muitas...), o fogo foi dado como controlado.
Foram dois ou três dias de suplício e permanente vigilância. A quantidade de árvores queimadas, e terra ardido, foi imensa.
Só quando cheguei a Lisboa, depois das férias (mais tarde, bem mais tarde...), e depois de estabilizar ideias, dei conta do que realmente sucedeu e do desastre ambiental que foi... para além do prejuízo havido.
Ainda hoje, quando recordo este grande acidente (da natureza?!...), vem-me logo à lembrança o "Ti" Américo, do Esporão...

Obrigado sr. Américo!!!

foto de António Martins (No dia seguinte, novo episódio do incêndio - Celada da Corte, Agosto de 1974)

terça-feira, 8 de julho de 2008

Notas poéticas sobre Carvalhal-Miúdo e Ladeiras de Góis

Ladeiras, lugar de encantos...
aldeia onde meu pai nasceu;
que por entre seus recantos,
sua infância, por lá viveu!...

E Carvalhal-Miúdo desponta,
Num dos cabeços da Serra...
O que é para muitos, afronta,
Para minha mãe, é sua terra!...

Sítios pitorescos a monte...
Canto da parede, Lameiros,
Cerrado e Costa do Pinhal.

Abeceira, Vale da Fonte,
Barroca, Calçada dos Sobreiros,
Coiço, Mioteira e Roubal.

Por António Martins (hoje...)


foto de António Martins (Ramalhuda - Carvalhal-Miúdo - Setembro de 2007)

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Manuel Bandeira (pai)

Natural do Esporão, da Boleirinha. Era padrinho de baptismo da minha mãe...
Veio para Lisboa laborar na Fábrica da Central de Cervejas (no edifício contíguo à actual Cervejaria Portugália, na Avenida Almirante Reis). Ao aposentar-se (naquela altura não existia a reforma) regressou à sua casa, da aldeia onde nasceu.
Na luta pela sobrevivência teve de ír trabalhar a dias, nas terras de outrém... conforme as lides agrícolas, e as respectivas necessidades, dos possuídores de courelas e terrenos para amanhar e manipular.
Não foi fácil a sua vida, viveu com muitas dificuldades, e humildemente...
Antigamente, era hábito (aquando da passagem de férias) levar para os residentes (familiares e amigos) mercearias e outros produtos de efectiva premência. Para ele (da parte dos meus pais), ía sempre uma parcela, o que agradecia imenso... mas quando o meu pai lhe dava duas onças de tabaco, e o respectivo papel, até os seus olhos brilhavam!...
Sempre de cigarro na boca (era apagar um, acender outro, preparado, sempre, de forma idêntica...), trabalhou até quase ao fim da vida (perto dos 90 anos...). Ainda tenho na retina, ele, de provecta idade, com um molho de mato às costas...
Recordo as suas docilidade e ternura!...

domingo, 6 de julho de 2008

António Rodrigues "Linardo"

Uns dos grandes impulsionadores (senão o mais acérrimo...) do movimento dos anos 40 (um grupo de cinco ou seis pessoas, emanadas pelo mesmo ideal), tentado a organizar uma Comissão de Melhoramentos para a aldeia de Carvalhal-Miúdo, que por diversas situações nunca conseguiram levar a bom termo (nunca se concretizou a sua oficialização, embora o movimento tivesse conseguido alguns melhoramentos para a aldeia).
Comerciante em Lisboa, no ramo das engraxadorias (muitos conterrâneos vinham para a capital e inseriam-se a trabalhar nesta actividade). Teve dois filhos do seu segundo casamento, com a D. Olinda, Maria Emília (hoje residente no Esporão) e António (com o qual privei imenso, na minha infância, como companheiro de brincadeiras, pelos campos de Carvalhal-Miúdo). Do primeiro casamento, com D. Alice, teve três filhas.
Domiciliado em Lisboa, no Bairro Alto (o meu pai, em solteiro, chegou a ter um quarto alugado em sua casa), tinha o seu lar em Carvalhal-Miúdo, no Cimo da Sebe (local com uma vista previligiada). Eu gostava muito de frequentar aquela casa e os lugares que a circundavam... havia, por lá, um pequeno terreiro onde até era possível jogar à bola...
Após a sua reforma regressou, definitivamente, a Carvalhal-Miúdo, procedendo ao cultivo e ao trabalhar das suas terras até que as forças o possibilitaram.
Era um grande regionalista e defensor das suas origens...

foto de Casimiro Martins Rodrigues (António Rodrigues, 1ª, à direita, junto à entrada principal da casa dos meus avós - Final da década de 70)

sexta-feira, 4 de julho de 2008

O milho, a farinha de milho e a broa

O milho era parte integrante na agricultura dos nossos antepassados, nestas aldeias. Era preponderante, e um ano com produção de muitos alqueires era fundamental. Do milho, após moagem, "nascia" a farinha, que tinha imensas aplicações, entre as quais o fabrico do pão desta serra... a broa.
Todavia até chegar a essa fase, ter-se-iam de passar por muitas outras...
Tudo começava com a preparação da terra, lavrando-a e cavando-a, a preceito, fazendo-se a sementeira a seguir (meados de Março). Quando a planta começava a fervilhar, procedia-se à sacha e ao seu arrendado (retirar ervas daninhas e acamar a terra). Depois tinhamos o desfolhar (as folhas colocavam-se ao sol, a secar, e depois de secas eram empalhadas, enleiradas e guardadas, em palheiros para alimento do gado), um tempo depois, a planta era despontada (o tirar da bandeira e da barbela) e mais tarde era retirada a espiga, que era levada para o palheiro, para posteriormente, se proceder ao seu escapelar (descamisar).
Nesta fase, as pessoas das aldeias costumavam-se juntar, auxiliando-se umas às outras e em reuniões nocturnas fazia-se esse trabalho, acompanhado de cânticos, contar de estórias e anedotas (lembro-me ainda de algumas escapeladas no palheiro do Cabeço). Aí separava-se a maçaroca (espiga) da palha envolvente e quando se encontrava uma espiga de milho-rei (milho vermelho) era uma festa... abraços e mais abraços.
Seguidamente tinhamos o debulhar e/ou o malhar e, depois, de todo o grão estar solto procedia-se à sua secagem em eiras, ou em terrenos calcados, ao sol.
De Carvalhal-Miúdo os donos do milho transportavam-no em sacas, às costas, para o moínho no Porto Ribeiro, junto ao Rio Ceira para proceder à moagem. Depois de moído, o milho já em farinha, retornava, pela mesma via, da mesma forma, e era guardada em arcas.
A farinha era consumida durante o ano, para os animais (galinhas, misturada com restos de couves, pele das batatas, etc.) e para a alimentação (papas de milho diversas, com sardinha, enchidos...), para fazer a broa.
A farinha, neste caso, era peneirada, amassada, fermentada e ficava a tendar... depois fazia-se a broa, ía ao forno a lenha e aí cozia. Em tempos de festas também de confeccionavam as bolas (tipo de broas recheadas com sardinhas, bacalhau, cebola, enchidos, carne...).
E a broa que a minha avó fazia era tão boa!...

foto de António Martins (Despontar do milho - Courela das Loisas - anos 70)

Comissão de Melhoramentos de Carvalhal-Miúdo

Apesar do desconhecimento de muitos (até então, nosso também) a Comissão de Melhoramentos de Carvalhal-Miúdo foi criada, mesmo que de forma não-oficial, durante o inverno do ano de 1948, numa reunião, na Rua Nova do Loureiro, nº 24 - 5º andar, em Lisboa, organizada pelo seu grande impulsionador António Rodrigues "Linardo", que conjuntamente com Casimiro Rodrigues Martins, Fernando Alves e António Alves alinhavaram as primeiras traves mestras do que seria premente melhorar e cuidar na aldeia.
Depois, outros habitantes e nascidos na aldeia, mas residentes noutras localidades, começaram a envolver-se igualmente e a criar um simples, mas efectivo, esqueleto de funcionamento com angariação de quotas, entre outras coisas.
Segundo apurámos, e ao contrário do que está escrito no blog da Comissão de Melhoramentos do Esporão (ler aqui), desconhece-se que estas aldeias se tenham fundido em Comissão única a não ser durante o projecto comum de electrificação das aldeias em questão, no final dos anos 60.
Dos muitos melhoramentos efectuados na aldeia, e com a ajuda da Câmara Municipal de Góis e outras organizações, criou-se infra-estruturas de abastecimento de água a partir de uma mina situada no Vale do Velho; construíram-se quatro chafarizes (três de uso humano e um para os animais) e construção do Lavadouro (esta última, não há certeza, mas pensa-se que já com a Comissão desagregada).
A Comissão de Melhoramentos de Carvalhal-Miúdo, nunca oficializada e agregada na Casa do Concelho de Góis, durou apenas até meados dos anos 50 (possivelmente 55 ou 56, não temos certeza), pelo que, com o passar dos anos, se tornou muito difícil efectuar qualquer tipo de melhoramento na aldeia.
A estrada de ligação à EN2 alcatroada para a povoação apenas teve efectividade nos anos 80, com a total responsabilidade da Câmara Municipal de Góis, após alguns pedidos insistentes por parte dos habitantes; a construção de uma escada em cimento a atravessar a povoação também foi conseguida nos anos 80 (por obra feita pela Câmara Municipal de Góis) e, mais tarde, já nos anos 90, a autarquia acabou por alcatroar o pouco que faltava de estrada que atravessa a povoação até ao fim da mesma, onde está o Lavadouro.
Com a desertificação do interior, neste caso particular de Carvalhal-Miúdo, e por vezes, o desinteresse da Câmara Municipal de Góis, a povoação deixou de ter algum interesse (para muitos - para nós não!). Talvez, se no passado a Comissão de Melhoramentos tivesse sido oficializada e mantida as coisas pudessem ser agora diferentes, mas de "ses" agora não interessa falar.
Este blog serve também, não apenas para contar histórias de Carvalhal-Miúdo e das Ladeiras e, consequentemente, das suas gentes, como também servirá, pensamos, para que ninguém se esqueça que estas povoações existem e precisam que olhem por elas, pois ainda há pessoas que gostam de viver nelas ou, simplesmente, visitá-las.

NOTA: Toda esta informação foi apurada de acordo com o que as pessoas mais velhas, e ainda vivas, nos disseram enquanto foram inquiridas sobre o tema. Agradecemos a todos aqueles que tenham informações mais fidedignas que as nos transmitam para que assim possamos recriar, com maior fidelidade, toda a história verdadeira da Comissão de Melhoramentos de Carvalhal-Miúdo. Obrigado!

quinta-feira, 3 de julho de 2008

O Esperado...

...Diária e ansiosamente era aguardado pelas gentes da serra, nas suas respectivas localidades... Francisco Paula, o carteiro, que trazia as notícias dos familiares e amigos, para os habitantes serranos. Todos os dias palmilhava cerca de 30 km, num percurso feito a partir de Góis, com o saco da correspondência às costas, passando por todas as aldeias desta zona do concelho, demonstrando, sempre, as mesmas afabilidade e amabilidade, muito prestável para com todos os conterrâneos.
Quando soava o som da corneta, era ver gente saír de suas casas para lhe perguntarem se havia alguma carta para eles e /ou lhe trazerem uma sua para resposta a uma outra, ou na intenção dela obterem notícias de volta.
Outros houve, que exerceram a mesma função, fazendo, igualmente, o itinerário a pé, antes da bicicleta e da motorizada (lembro-me do Claudino...), mas o Chico Paula (como era conhecido), pelo seu carisma, tornou-se, quase, numa figura mítica da serra...

foto de Adriano Filipe (Não é o "Chico" Paula, mas terá sido um dos últimos carteiros a fazer as entregas a pé - percurso Carvalhal-Miúdo/Esporão - anos 70)

quarta-feira, 2 de julho de 2008

"Chico Peras"

...Era a alcunha de Francisco Almeida.
Não era da terra, mas a Carvalhal-Miúdo veio desposar a D. Maria do Céu. Desse casamento nasceram cinco filhos, todos do sexo masculino. Tinha como profissão peixeiro e, em consequência disso, calcorriou inúmeros lugares por esta serra fora. Mais tarde largou essa actividade e dedicou-se mais à lavoura. Lembro-me, de ainda miúdo, estar junto a ele, no cimo da sebe, onde preparava o seu burro, animal que ficava num curral neste sítio (embora ele, o dono, morasse um pouco mais a baixo, na casa da figueira)... servia o macho para transportar o esterco dos animais (estrume) para as fazendas, a fim do referido exercer a função de adubo para as terras. O sr. Chico dava muita atenção aos miúdos, e ía explicando a sua tarefa, conforme os passos e os movimentos dados, depois perguntava-nos: - Querem um figo?...
Há um facto relevante na sua relação para com a aldeia e, posteriormente, para com toda a região: - Nas suas viagens, de compra e venda de peixe, acabou por trazer consigo o eucalipto (um, dois, três, depois mais...) que foi plantando nestes campos. Contribuiu, de certa forma, para (num futuro), se poder evidenciar (observando-se a época em questão, anos 50 e 60), algum vértice de riqueza, com o implantar da árvore e a proliferação do negócio da madeira, das resinas e da indústria do papel, no concelho. É certo que o eucalipto tornou-se uma árvore nefasta, pela secura que provocou nas terras, pois as suas raízes vão sugar a água a grandes distâncias, mas sob o ponto de vista evolutivo, veio proporcionar algum progresso. Hoje, talvez, se raciocine de um outro modo, e com perspectiva diferente...

foto de António Martins (ao cimo, à direita, ainda se veêm a figueira e as paredes claras da casa... Carvalhal-Miúdo - Setembro 2007)

terça-feira, 1 de julho de 2008

As Alminhas

Muitas povoações portuguesas têm estes pequenos monumentos religiosos (forma de culto, e hábito, que nos foi legado por alguns dos povos que habitaram a Península Ibérica, ex.: Celtas e Romanos, embora sem qualquer certeza) e quase todas, do nosso concelho os possuiem e os ostentam.
Para além do seu valor intrínseco no contexto da arte popular portuguesa (de que são uma original forma expressiva), são centros de meditação e culto, onde, habitualmente, se dizem orações a favor das almas do Purgatório (demonstração inequívoca da religiosidade do nosso povo).
Diversos energúmenos vandalizam este importante património (principalmente aquelas que não estão protegidas por grades), umas vezes em busca de alguns valores, que ali estão depositados, outras pela "simples" forma macabra de apenas destruír.
Em Carvalhal-Miúdo, as Alminhas foram recentemente limpas e pintadas, as suas paredes exteriores, por benfeitores particulares.

foto de António Martins (Alminhas, Carvalhal-Miúdo, Setembro de 2007)