domingo, 3 de agosto de 2008

Retalhos da vida e do pão...

"Casa onde não há pão, todos ralham ninguém tem razão...", diz o provérbio.
Antigamente, no tempo dos nossos avós, bisavós, trisavós, tetravós... o pão era base intrínseca de uma refeição, se não fosse ela própria. Era confeccionado nos próprios lugares, pelas próprias famílias, nos fornos a lenha (às vezes tinha-se um forno, para o efeito, outras recorria-se ao forno do vizinho, ou de um aldeão com que se tivesse mais confiança), era a broa, feita à base de farinha de milho.
A broa foi suporte integrante da alimentação regular de muita gente... contam os meus pais que, enquanto miúdos, uma fatia de broa com uma sardinha, retalhada por 3 ou 4, era sinónimo de um almoço (isto se não existissem mais filhos no seio de uma família).
Haviam muitas dificuldades por estas serras... e as pessoas tudo tentavam trazer dos campos para casa, com o amanhar das suas terras e mediante as espécies de sementeiras escolhidas... a batata, o feijão, as couves, etc.. Muitas vezes trabalhavam a dias para os proprietários mais abastados e o pagamento, desse labor, era feito em géneros alimentares...
Eram tempos muito difíceis, inimagináveis para a juventude de hoje em dia, mesmo tendo em conta que muitos vão sobrevivendo com dificuldades, principalmente nos grandes centros urbanos. Mas, mesmo aí, existem entidades associativas e estatais, vulgo banco alimentar contra a fome, "sopa dos pobres"... e lá se vão alimentando, embora possam dormir ao relento e desabrigadamente (mas isso são outras histórias...).
Nas décadas de 70 e 80, o padeiro começa a ír às povoações aldeãs, para fazer a sua venda... outro tipo de pão surge regularmente à mesa dos lares das nossas aldeias... o pão de trigo, o pão de mistura, entre outros.
Quando as populações, em determinados lugares começavam a rarear (Carvalhal-Miúdo é disso, infelizmente, um exemplo), os bens alimentares vêm ter com elas. Para os meus avós, já na terceira idade, foi bom, pois deixaram de ter necessidade de palmilhar quilómetros em busca do alimento base. A broa é que foi desaparecendo destas mesas, pelo menos "aquela broa!..."

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