segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Os anos loucos do volfrâmio e Stanley Mitchell

Foi nas décadas de 30 e 40 (com maior relevância entre 1936 e 1945) que se desenvolveu a pesquisa e procura deste minério no concelho de Góis. Esta exploração foi-se incrementando com a chegada a Góis de um engenheiro-mineiro, o britânico Stanley Mitchell, que tinha vindo para Portugal, anos antes (com 27 anos), para as Minas da Panasqueira.
Ao instalar-se em Góis, pôde verificar e comprovar a riqueza do subsolo por aquelas redondezas. Nesse sentido procurou dinamizar a indústria mineira na região, onde o volfrâmio (porque muito procurado, estávamos na iminência da Segunda Grande Guerra) ocupou papel fundamental. Chegaram a estar em actividade mais de duzentas minas e mais de quinhentos trabalhadores mineiros, empenhados naquela descoberta diária, para além de todo o pessoal adjacente que transportava o pecúlio obtido (minha mãe chegou a transportar o produto retirado, antes de ser devidamente limpo, em cestas, na zona do Rabadão) e laborava noutros sectores que no seu todo colocavam num permanente e eficaz activo a indústria mineira em Góis.
A exploração do subsolo, nas jazidas de volfrâmio (e ouro), marcaria uma importante etapa no desenvolvimento de Góis. Vieram gentes de fora e houve circulação de dinheiro, como jamais se ouvira falar. Possibilitou-se o emprego remunerado para muita gente, numa altura de muito desemprego.
A primeira venda oficial de volfrâmio, extraído do subsolo do concelho de Góis, data de 1937. Conta-se... particulares que obtinham, de forma rudimentar, o tão precioso minério, nas terras que possuiam, chegaram a vender o seu quilo por 1.500$00.
Stanley Mitchell construiu, à sua custa, a Casa de Caridade "Rosa Maria" (nome da sua filha mais nova, natural de Góis), que funcionou como pequeno hospital, equipado com os serviços de raios x e de diatermia, que mais tarde ofereceu à Associação Educativa e Recreativa de Góis (posteriormente fez parte dos corpos gerentes desta Associação).
Foi agraciado pelo Governo Português, com o grau de Oficial da Ordem de Benemerência, e homenageado pela Câmara Municipal de Góis, pela Casa do Concelho de Góis e pela Casa da Comarca de Arganil.
O seu nome está na toponímia da vila de Góis. Faleceu em Lisboa, no mês de Agosto de 1957.
Recentemente foi alvo de nova homenagem póstuma, na pessoa de uma das suas filhas.
Colaboração memorial de Casimiro Rodrigues Martins;
Recolha de dados no sítio Movimento Cidadãos por Góis.

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