sábado, 28 de junho de 2008

José Rodrigues

Mais um dos nove irmãos do clã Rodrigues... natural das Ladeiras, como os restantes, casou em Carcavelos com a, posteriormente minha tia, Alice... desse enlace nasceu o Hélder. Trabalhou, até à reforma, em Lisboa, para a firma Rodrigues & Rodrigues.
Um homem único no seu sentido de humor, pelo jogo que fazia com as palavras e com as situações do dia-a-dia... era óptimo estar na sua presença. Era deligente, perspicaz e tinha, igualmente, uma graciosidade exposta pela ténue utilização poética do humor, na aplicação oral de grafismos de quadras, nas suas mais variadas expressões e revelações. Era interventivo, na conotação mais mordaz da palavra, participativo e empreendedor desse dom, que a natureza lhe proporcionou. Até, por vezes, o sério, vindo da sua parte, trazia condimentos de humor, apimentados com leve sarcasmo. Muitos dos seus episódios, de vida, haveria para comentar e aprofundar, que o espaço para os desenvolver, e fazer desenrolar, seria imenso... vou falar, um pouco, sobre uma coisa das mais simples do Mundo, mas, significativamente, engraçada (presenciada, ao vivo, traria mais sorrisos aos semblantes...).
Ainda namorava, com minha mulher (embora se vá namorando sempre!!!), quando num domingo, de há 32 anos, fomos convidados para um almoço na casa de campo do tio António Rodrigues, um seu irmão, em Capelas (zona de Torres Vedras), com mais família e amigos (um dia inolvidável...assim o considerou meu avô, Casimiro Rodrigues, até aos últimos dias da sua vida). No percurso para lá, fizémos uma pequena paragem em Torres, para tomar o pequeno almoço. Entrámos numa pastelaria (não me recordo qual), minha mulher (ora, namorada) ficou algum tempo exitante, expectante, a olhar para o balcão-montra da referida. O meu tio, que observava aquela situação, desde o início, abeirou-se dela e inquiriu-lhe (como se de semi-piropo se tratasse): -"A menina deseja um bolinho?"
(Já a tinha apresentado, quando de Lisboa saímos...)
Intrometi-me e disse ao tio"Zé": -"Tio, é a minha namorada!..."
Respondeu, ele: -"Sim, está bem!... Mas, então não lhe posso oferecer um bolinho?!..."
Até sempre tio! Grato pelos bons momentos que me proporcionou (embora não tantos, como deveriam ter sido...), e pela aprendizagem que deles usufruí!...

foto de Alice Rodrigues (Tio José, o 3º, em cima, a contar da direita - EN2, algures entre as Ladeiras e Esporão - década de 60)

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