quarta-feira, 16 de julho de 2008

Chico Larau

Homem pobre, deficiente, sem família (abandonado pela sua progenitora). Trabalhava a dias, guardando gado e apanhando mato (laborou para a família Neves em Carvalhal-Miúdo, onde viveu, em anexos pertencentes a essa família), mas raramente foi remunerado pelos seus serviços prestados... davam-lhe alimentação e sítio para dormir.
Fumava imenso (o tabaco Onça, que embrulhava em papel... mas muitas vezes não havia dinheiro para essa cobertura e, então, fazia o cigarro com as folhas mais finas das espigas de milho).
Nesse tempo, pleno de dificuldades, habitualmente comia sopa de castanhas piladas, por vezes algumas já tinham bicho, que ele ingeria, sem problemas, dizendo que era bichinho de pau santo.
Outro episódio (que repetia diversas vezes), era o de colocar um lacrau nas suas mãos, duramente calejadas, e o animal não conseguia picá-las...
Sendo conotado com o que, na giria, se denomina por "Zé Ninguém", continua a ter o seu nome pronunciado, mesmo por quem, na realidade, não sabe quem ele foi (até pelos mais jovens), tendo, por isso, todo o direito a ser recordado (embora de forma efémera), neste blogue. Teve uma vida de quase escravatura, com o mínimo de meios de subsistência. Faleceu num asilo, para idosos, em Coimbra.


foto de Adriano Filipe (Carvalhal-Miúdo, tirada a partir do Lavadouro - 25 anos atrás...)

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