Decorria o ano de 1940...
O tio António Rodrigues, comerciante de roupas em Lisboa, na Calçada do Carmo, tinha estado a passar uns dias de férias nas Ladeiras, com a sua família, e estava no último dia das mesmas...
De repente volta-se para o meu pai (então um miúdo de dez anos) e pergunta-lhe: - Queres vir para Lisboa?
A resposta foi sim, obviamente. Num ápice o "Casimirito" vai procurar a sua melhor roupita e prepara-se, alinhadamente, para a viagem que o iria levar para um novo mundo (era esse o pensamento dos jovens das aldeias da serra, àquele tempo...). Aprumou-se para a última foto, que registava tão importante circunstância, que parece ter sido tirada pelo seu tio, pois não aparece na mesma, enquanto sua família está lá toda. Falta o seu filho primogénito (Carlos) que ainda não havia nascido.
Depois foram as elementares despedidas... dos familiares, da aldeia. Que passaram a ter a sua presença anualmente, como todos os que imigraram para as grandes cidades (às vezes havia um feriado junto a um domingo, um período de descanso no Natal, mas não era fácil fazer o percurso Lisboa/Ladeiras e vice-versa, naquele tempo, demorava-se muito tempo em viagens).
Já lá vão sessenta e nove anos...
foto de António Rodrigues, ano de 1940, Ladeiras.
Da esquerda para a direita: Joaquim de Matos (do Esporão, homem proeminente e muito respeitado, naquela época, que por sinal gostava muito do meu pai), meu pai, Odete, Palmira "Bibi" e Helena (filhas do tio António) e a sua avó (minha bisavó). Atrás, pela mesma ordem: Casimiro Martins e Alzira Rodrigues (meus avós) e a tia Ilda (esposa do tio António).
2 comentários:
A fotografia que nos falou! Histórica de facto esta cena. As coisas maravilhosas que as nossas familias guardam, sem saberem que belo retrato têm da vida de outros tempos. Curioso o sorriso do seu pai, nitidamente a caminho do seu sonho, e as roupas que tão bem retratm a cena. Muito bom!
Mais uma estória tua que recordas e partilhas! Nesta foto, óbviamente que não identifico o teu pai, pois era um miúdo de dez anos segundo dizes. Comento para dizer que acho muitas coisas acerca daqueles tempos: giros, cómicos, mas ao mesmo tempo tinham o seu encanto... é que os rapazes podiam vir para Lisboa de miúdos ou ainda solteiros; já as raparigas, geralmente, tinham de ficar na aldeia, com os pais, até casarem! Neste ponto, como em outros, felizmente que há muitos anos as coisas mudaram ou evoluiram! Gostei desta narrativa. Beijinhos.
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