quarta-feira, 11 de junho de 2008

"Bobi"

Tinha 10 anos...
1966, por ocasião do Mundial em Inglaterra, mais umas férias. Numa manhã ou tarde, não posso precisar, mais um passeio a pé até ao Esporão. De saída para as Ladeiras lá íamos nós, quando de um momento para o outro somos acompanhados por um cãozito preto que nos não largava. Alguém o tenta enxutar, mas ele voltava...faço-lhe umas festas e começo a chamá-lo de "Bobi" e ele sempre connosco. E assim se passou o dia, dando-se o regresso a Carvalhal-Miúdo. Iniciei o meu convívio diário com o "Bobi". Alimentava-o, dava-lhe carinhos e ele acompanhava-me para todo o lado, respondia, sempre, pelo nome que lhe havia dado, tudo era maravilhoso, pois estávamos no início das férias. O tempo foi passando, cada vez mais a empatia entre nós era maior, e mais fortalecida, e o regresso a Lisboa avizinhava-se.
O meu pai começou a magicar a forma de me afastar do cão, pois a casa na capital era pequena para mais um elemento e, fundamentalmente, porque não era apologista de ter animais daquele tipo, e porte, em casa. Pássaros e grilos ainda vá lá!... (as vezes até apareciam formigas e "baratitas", mas isso era outra história...). Num dia em que o meu avô ía para o Vale da Fonte, tratar das videiras, levou o "Bobi" com ele, na tentativa de o fazer afastar de mim. Quando acordo e me levanto, não o encontro... Onde foi o Bobi? Onde foi o Bobi?... Assim que me disseram para onde tinha ido, corri para o Lavadouro e junto a uma casa que na altura já estava em ruínas (dizia-se ter pertencido a umas pessoas que tinham emigrado para o Brasil) comecei a gritar pelo "Bobi". Passado algum tempo tempo lá vinha a ele a saltar e a latir, encaminhando-se para junto de mim, foi extraordinário. Em vésperas de regressarmos o meu pai diz-me, nas Ladeiras, que tinha feito um negócio para mim. Tinha vendido o cão a um homem da Serra, que dele necessitava, pela importância de 20$00. Mas a verdade, penso, é que ele me deu aquele dinheiro (que era um montante de algum valor para a época), com a intenção de que o esquecesse e, igualmente, ofereceu o Bobi a alguém. Chorei, chorei, chorei!...
Quando chegámos a Lisboa gastei o dinheiro todo em cromos do Mundial de 66...

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo antónio Martins, é uma honra ser o 1º(penso eu) a deixar um comentário no novo Blog amigo dedicado aos nossos amigos Carvalhal Miudo e Ladeiras. Não sei se sabe mas eu também tenho antepassados de Carvalhal Miudo, bisavós, bisavôs, e por aí a fora.
Vá entrelinhando uma foto em cada notícia, penso eu que fica mais "vistoso". Peço desculpa de estar já para aqui a botar opinião.
Gostei de ver, agora é só continuar, o mais difícil já está feito, foi o querer começar e o começar.
FORÇA.
Um abraço.

Abílio Cardoso Bandeira

(P.S. o vosso endereço não começa por "www" mas sim por "http://")

Anónimo disse...

Meu Amigo António,os meus parabéns
por este seu trabalho,também gosto de Carvalhal Miudo pois era a Aldeia do meu Sogro.Lindas vistas,aliás toda a nossa região é linda.TUDO DE BOM,Felicidades.Um abraço
A.Filipe

Anónimo disse...

Abílio,

Na realidade o 1º comentário é teu...só tenho a agradecer a atenção dispensada e a indicação do caminho a seguir!...

Acabei de folhear os seis exemplares que possuo (nº. 1 a 6, respectivamente) do Correio da Serra, de 1983 a 1985, e com isso recordar... Também colaborei num texto sobre as Ladeiras, precisamente no nº.4.

Obrigado pelas palavras...

Um abraço

Anónimo disse...

Adriano,

Grato pelas palavras amigas e pela força transmitida.

Um abraço